quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Louco

Meus pés estão cansados, confusos e contritos
Odeio ter que enxergar o realismo e ter que aceitar uma dor invisível.
De ter que correr atrás e depois dar uma de madura e entendida
Eu sou criança e falo com a boca bem orgulhada
Não caiu nesse papo de adulto que se cobra, nem tudo é favelada
A verdade é que quando caminhamos, tropeçamos...
Mas é difícil um corajoso pra falar que não tinha pedra
Foi falta de atenção ou mera fantasia
Eu ando como criança e falo que nem menina
Não acho graça em muita coisa mas riu de agonia
Ser estranha tem seu preço e as réguas me alucinam
Nunca cheguei a altura e nem me permito medir
Que a vida tem os sortudos e os espertos a sorrir
Humano acorda e olha que o mundo gira
Não tem ninguém te assistindo como novela
Não tem ninguém te ouvindo como sinfonia
O seu valor vem de Deus e isso não me deixa confusa
Olha mais pra direita e para esquerda...
Ouve mais e se permita a amar
Sua mente é um ponto cego e o coração um ponto morto
A verdade é que sozinho, você já seria um louco.




Luanna figueredo roque

Pontas

Eu calculei, eu mirei e até duvidei
Amarrei bem as pontas e sentei
Observei tudo aquilo e até sonhei
Meu sossego foi vindo e eu apaguei

Acordei toda confusa sem saber o que fazer
Estava tudo bagunçado e me desesperei
Não acredito que não dei nó e me enrolei
Senti o seu abraço e então não duvidei

Me subestimei e nunca imaginei
Que seria maior que eu e não para de crescer
Enxergo lá do alto e fico a temer
Do sabor bem no final, aquele parecer

Realmente até hoje eu não sei o que fazer
Pulei de paraquedas e foi pra valer
Nesse verde eu me vejo e logo me lembro
Que na vida nada é certo e não tenho nada a perder.


Escrita

Cheguei neste ponto que parece uma vírgula
Minha mente desceu um parágrafo e não começou em maiúsculo
Eu chorei entre as linhas e apaguei os espaços inúteis
Recomecei uma frase boba e terminei uma canção antiga
Iniciei uma tese e ferrei com um parênteses, que não dizia a antítese 
E nem mesmo explicava a intenção, só trouxe discussão.
Minha mente foi vagando e me encontrei naquela linha.
Então eu a pulei, decidi outro parágrafo, de dizer coisa nenhuma
Só precisei de uma soltura e dois pingos de alegria
Meus dedos suaves escrevem, mas odeiam nostalgia
Queria concluir esse texto, que parece uma poesia
Mas logo me lembrei, que tenho muita agonia
É melhor deixar uma vírgula e escrever etc
Do que no final de uma vida, por um ponto de indiferença.
O que vale mesmo é o sentimento que é a ponta do veneno
Quanto mais eu escrevo mais eu me esvazio
Mais eu emburreço mais eu me limito
As vezes finjo ser poeta pra entender uma poesia
Nunca funciona mas me ajuda a entender a magia
Que na vida nada é eterno, mas o eterno eu escrevo na sua vida.