segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Lápis

Deixa minha mão desenhar
Meus riscos, minhas linhas e vai descendo...
Num contorno de imperatriz
Eu acabei me envolvendo
Deixei no ar um triz, de algo que está nascendo
Rodei os dedos e continuei a emendar
Fiz um círculo que começou a rodar
E marcou o tempo que eu esqueci de viver
Estou atrasada de amar, estou adiantada pra morrer.
O meu pincel derrubou aquela tinta meu amor
De cor nenhuma, de cheiro algum, de nenhuma textura
Limpei e umedeci os meus olhos que borraram ali
Reaproveitei aquele espaço vazio e inventei um rabisco
Fiz o seu sorriso, e contornei de idéias, de esperança.
Terminei e me vi no paraíso, meu corpo nu sem juízo
Eu sei lá porque de tudo isso, meu painel nem existia
Foi só mais um sonho lindo, que sempre me perseguia. 

Se eu soubesse

Se eu soubesse voar, não teria medo de altura
Avançaria e voaria, o mais alto... Além do muro
Pousaria na minha paz, nas minhas terras e no meu ninho
Nunca mais ficaria sozinho.

Se eu soubesse cantar, não teria medo de dançar
Pegaria aquele rapaz e arrastaria pra minha pista
Pra lá e pra cá ficaria, num chuvisco de notas
Nunca mais ficaria torta.

Se eu soubesse sorrir, não teria medo de ser feliz
Passaria a me olhar e a me desejar, no espelho de cada dia
Amarraria meu cadarço e pentearia o meu cabelo
Nunca mais quebraria o espelho

Se eu soubesse amar, não teria medo de pular
Acordaria numa manhã fria e sairia sem a blusa de ontem
Andaria de pé no chão, e pintaria mais as unhas
Nunca mais cairia no chão

Se eu soubesse falar, nunca mais me perderia
Minhas palavras tão certas de mim mesma, mas tão soltas no ar do mundo
Quem quiser faz delas um nó ou até um poço sem fundo
São sinceras as coitadas, que ninguém mais acredita.